CAMINHOS DA VIDA de RICARDO BECKER MAÇANEIRO: Memórias do ANJO MAU parte 2

Foi em dezembro de 2001. Eu acabara de me mudar para Balneário Camboriú e já conhecia o Sebook-que continua na Avenida do Estado, mas em outra loja, com ar de decadente-e eu achava ótimo ter um sebo perto de casa que vendesse meus amados lp’s a preço acessível-1 ou dois reais!

Há muito que eu era noveleiro convicto e tinha especial apreço pelas trilhas sonoras. Nessa época eu tinha muita vontade de conhecer as trilas dos anos 70 de novelas célebres, ao mesmo tempo em que eu tinha o fetiche de querer pelo menos um lp com o antigo selo da Som Livre, um espiral verde que ao rodas no prato do toca-discos causa um efeito interessante.

Então, naquele 21 de dezembro de 2001 meu escolhido para ser o meu primeiro lp de trilha sonora da Globo da década de 1970 foi o da “Trilha Sonora Original da Novela Anjo Mau”, ou seja, a trilha nacional. Assim, eu aproveitava para conhecer a trilha da primeira versão da novela que contava a história da babá Nice em 1976...

E que surpresa boa eu tive em casa. Trilha fantástica aquela, que eu não canso de ouvir até hoje-mas agora em versão digital. Começava no “Lado A” com o vira Não esquente a cabeça dos Golden Boys. Em seguida a chique Amigos novos e antigos com Vanusa, que naquele tempo era diva. Depois vinha a dançante Boca de Espera do The Fevers. De repente um dramalhão brega, Quem nega a luz na sombra vai morrer, com José Augusto (pelo título dá para imaginar a música..). Então vem o clássico da trilha: Meu mundo e nada mais com Guilherme Arantes, tema do mocinho Rodrigo. A música 6 era uma versão do tema da abertura, Papaya com Úrsula Dudziak-a versão que tocava na abertura era diferente.O lado B começa com a engraçadíssima Marido Ideal da Evinha. Em seguida uma clássica: Uma Pequena Canção de Amor com Grande Orquestra Stradivarius-olha o trocadilho... A música 3, A qualquer preço cantada por Ana Braga-não, não é a mãe do Louro José-marcava a personalidade de Nice, o anjo mau do título. Em seguida a romântica O que é amar com Johny Alf. Depois mais uma gracinha: Bola Fora com Daniella e mais um dramalhão: Velho Arvoredo com Claudia Versiani e para terminar a animada O Trem com a Orquestra Som Livre.

No dia seguinte adquiri o disco internacional da trilha, no qual reencontrei as músicas internacionais típicas dos anos 70 que eu estava acostumado a ouvir nas rádios Antena 1 e Ponto de Blumenau-sim, a rádio Ponto é aquela que “animava” as esperas de ônibus na Beira-Rio em Blumenau com muito flashback dos anos 70... E dá-lhe saudosismo. Voltando pro Anjo Mau, logo de primeira uma música pra lá de sexy com a Donna Summer dando gritinhos... Tudo bem, era tema da vilã Paula, ah tá... Este disco me trouxe uma surpresa, a versão original (Tu T’em Vas) do clássico brega Não se vá que eu ouvi muuuuito na minha infância. E uma interessante versão de Io Che amo solo te pela Rita Pavone.

No fim, os dois discos foram trilha sonora dos meus primeiros meses em Balneário Camboriú naquele fim de 2001 e início de 2002, como seria as trilhas de Selva de Pedra (1972), O Clone, As Filhas da Mãe e Pícara Sonhadora.

Há dez anos, direto do Túnel do Tempo...

Anjo Mau, a novela:

Anjo Mau é uma telenovela brasileira que foi produzida pela Rede Globo e exibida no horário das 19 horas de 2 de fevereiro a 24 de agosto de 1976, em 175 capítulos, substituíndo Bravo! e sendo sucedida por Estúpido Cupido. Foi a primeira novela de Cassiano Gabus Mendes na emissora. Foi dirigida por Régis Cardoso e Fábio Sabag. Foi a penúltima novela em preto-e-branco exibida pela emissora.

Nice (Susana Vieira) é filha adotiva de uma família pobre, porém é uma mulher muito ambiciosa e não se conforma em trabalhar como operária e balconista, sendo sempre despedida por displicência. Alzira (Wanda Lacerda), mãe adotiva de Nice, é uma mulher dura, sofrida, trabalhadora, e é a única que não se deixa envolver pela falsa meiguice da filha. Um dia, Nice consegue uma vaga de babá na casa dos Medeiros, família de classe alta de quem seu pai adotivo, Augusto (José Lewgoy), é motorista.

Imaginando que esta pode ser sua chance de ascender socialmente, Nice faz de tudo para agradar a família e conquistar Rodrigo (José Wilker), por quem acaba se apaixonando. O rapaz é o filho mais velho de Edmundo Medeiros (Francisco Moreno), irmão de Ricardo (Luis Gustavo) e noivo de Paula (Vera Gimenez).

Sob os cuidados de Nice está o filho de Stela (Pepita Rodrigues) e Getúlio (Osmar Prado), casal que caiu no gosto do público e garantiu bons momentos de humor à trama.

Depois de descobrir que Paula, a noiva de Rodrigo, também é uma arrivista e, na verdade, é apaixonada por Ricardo, Nice consegue fazer com que Rodrigo termine a relação com a noiva e rompa com o irmão. Mas, ainda assim, o caminho não fica totalmente livre para a babá, porque Rodrigo começa a se interessar por Léa (Renée de Vielmond). Nice volta, então, a armar intrigas para separar o casal.

Embora no final consiga conquistar Rodrigo e engravide dele, Nice morre durante o parto. O clímax da novela se deu no capítulo em que foi exibida a morte da protagonista, registrando altíssimo índice de audiência.