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quarta-feira, 15 de maio de 2013

110 anos da presença Dehoniana no Brasil Meridional

Como em 2013 comemora-se os 110 anos da presença Dehoniana no Sul do Brasil, posto aqui um artigo de 2003, do Centenário Dehoniano no Sul do Brasil. Creio que é muito válido.

2013:
170 anos de nascimento do fundador Padre Leão Dehon.
135 anos de fundação da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus.
120 anos de presença dehoniana no nordeste do Brasil.
110 anos de presença dehoniana no sul do Brasil.
10 anos de criação das províncias Brasil Meridional e Brasil São Paulo.












CELEBRAÇÃO DO CENTENÁRIO DA PROVÍNCIA BRASILEIRA MERIDIONAL


José Francisco Schmitt, scj

BREVE HISTÓRICO

Introdução

O ano de 2003 foi um ano muito rico em celebrações e acontecimentos históricos na Congregação e nas duas novas províncias: a Província Brasileira Meridional (BM) e a Província Brasileira Central (BC).
Celebramos os 125 anos de Fundação da Congregação no dia 28 de junho do mesmo ano. Neste arco centenário, eventos marcantes para nossa vida congregacional foram a criação das novas províncias brasileiras, a realização do XXI Capítulo Geral, em Roma, a eleição do novo superior geral, padre José Ornelas Carvalho (da Província Portuguesa) e seu vice padre Cláudio Weber (da Província Brasileira Meridional), as instalações das novas províncias e a celebração do centenário. Feitos estes rápidos acenos e, para contextualizar melhor o evento dos 100 anos, passamos a assinalar alguns tópicos e realizações históricos mais significativos da Província Brasileira Meridional.

Os primeiros pioneiros

Quando em julho de 1903 os padres José Foxius e Gabriel Lux desembarcaram na ilha do Desterro, hoje Florianópolis, no Estado de Santa Catarina, ninguém podia imaginar que com a sua chegada estava nascendo uma florescente província que no ano centenário exigiria uma divisão em duas devido ao grande número de membros e à grande expansão de sua atividade pastoral. Os dois pioneiros, em consonância com o desejo dos padres alemães, foram enviados pelo Fundador, Padre Leão João Dehon. Em janeiro de 1904 vieram mais dois padres e um irmão religioso da Alemanha para se ajuntarem aos dois pioneiros. Logo em seguida deixaram a capital e foram para o interior, onde se haviam estabelecido colônias alemãs. Dom Duarte Leopoldo e Silva, bispo de Curitiba, por um decreto, confiou à Congregação as primeiras paróquias de São Luiz Gonzaga, em Brusque, SC, (criada em 1873) e do Puríssimo Coração de Maria (criada em 1901), em São Bento do Sul, SC.

Visita do Fundador (1906)

Padre Dehon, aos sessenta e três anos de idade, e após ter enviado duas levas de missionários para o Brasil: Nordeste e Sul, entusiasmou-se, sobremaneira, pelo Brasil, a ponto de empreender uma viagem de visita aos seus missionários, a fim de conhecer pessoalmente o nosso país e encorajar o ânimo apostólico de seus padres. Esta histórica viagem valeu-nos um livro, que é um interessante diário: “Mille Lieues dans l'Amérique du Sud” (Mil léguas através da América do Sul). Padre Dehon, neste seu livro, fez um completo relato de sua visita ao Brasil, sobretudo às casas e membros de sua Congregação. Esteve durante um mês em Santa Catarina (25.10 a 26.11.1906), visitando as paróquias de Parati, hoje Araquari, São Bento do Sul, Itajaí e Brusque. Em Brusque fez uma importante reunião com os padres, tratando das linhas mestras do futuro desenvolvimento da Região Missionária.

A expansão e a criação da Província

Em 1908, com os reforços de novos religiosos da Alemanha, o contingente de dehonianos já era de dezassete membros. Além das paróquias de Brusque e São Bento do Sul, os dehonianos já estavam atuando em diversas paróquias do litoral do Estado de Santa Catarina, como: Itajaí, Penha, Barra Velha, Camboriú, Tijucas, Porto Velho, Parati. Logo assumiram outras paróquias em Jaraguá do Sul, Botuverá, Joinville e Tubarão. Em dezembro de 1919, os padres Guilherme Thoneick, Fernando Baumhoff e irmão Luís Cronenbroeck já estavam em Taubaté, SP, para assumir a direção dos seminários Maior e Menor; logo em 1921, dois dehonianos estavam na cidade de Rio de Janeiro (em São Benedito dos Pilares, por pouco tempo); no ano seguinte, em Cunha (interior de São Paulo, de 1922 a 1927) e em Minas Gerais.
Nos primeiros anos da história da Região Missionária Brasileira da Província Alemã, além do sério trabalho de formação nos seminários de Taubaté, Brusque e Corupá, foram marcados por um acelerado ritmo de expansão da atividade paroquial e criação do noviciado em Taubaté (em 1928) e, logo em seguida, a transferência do noviciado de Taubaté para Brusque (1932) com a transferência do seminário menor de Brusque para Corupá, SC, e em 1933 a criação da Filosofia em Brusque. E, assim, no dia 25 de abril de 1934, a jovem Região Missionária Alemã foi elevada à categoria de Província Brasileira Meridional.
Com a criação da Província BM, a Congregação abriu novas frentes nos Estados de Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e, a partir da década de 60 (1960), Paraná (Curitiba e no interior) e assumindo novas paróquias nos Estados onde já estavam. A Missão do Maranhão começou no ano de 1968 e a do Mato Grosso em 1983. No ano seguinte, partiram os primeiros brasileiros para o Congo. Hoje, a província colabora também, nas Filipinas, na Índia, Alemanha, Moçambique e Uruguai. Além dessas novas frentes, a Província BM sempre investiu nas casas de formação, nos seminários, nas pastorais da Comunicação, Vocacional, da Educação, Social, Missionária e Leigos dehonianos. Hoje, através das atividades de magistério em Taubaté e Brusque, certamente com rosto diferente, continua com a atuação da Faculdade Dehoniana, com seu conceituado Curso de Bacharelado e Teologia e Filosofia. Na Pastoral da Formação presbiteral, o Curso de Teologia, no Convento SCJ de Taubaté, durante os seus oitenta anos de magistério teológico (1924 até o final de 2002), formou, para a Igreja no Brasil, 384 padres dehonianos e 332 do clero diocesano e de outros institutos religiosos, totalizando o expressivo número de 716 sacerdotes.

O crescimento sugere mudança de estruturas

A idéia de uma administração mais autônoma entre os padres alemães da Missão Brasileira Regional, já era bem antiga. Segundo os arquivos da Congregação, em Roma, existem correspondências enviadas por padre Inácio Burrichter (+ 1966), no ano de 1926, nas quais ele falava em criar aqui uma província, ou então pelo menos, que houvesse um vice-provincial residindo no Brasil. Mais tarde, desde os anos de 1940, quando já era província e vinha crescendo, vez e outra, levantavam-se vozes isoladas, sugerindo a divisão em duas. Em 1960, já em fim de vida, padre Burrichter, aos setenta e um anos de idade, enviou outra carta ao governo geral, pedindo a divisão do Brasil em três províncias. Sérias ou não, mas alguém pensou em mudanças de estruturas.

Necessidade de novas estruturas mais ágeis

Na preparação ao IX Capítulo Provincial, em 1987, diante da grande extensão territorial da província e da sua difícil animação da vida religiosa, provincial e administrativa, voltou a idéia de criar novas estruturas administrativas. No último dia deste IX Capítulo, na segunda fase, no dia 18.3.1988, foi aprovada uma moção no sentido de que o governo provincial constituísse uma equipe de estudos para examinar, até o próximo Capítulo Provincial a viabilidade da divisão da Província BM, após consulta a todos os seus membros. O teor da Ata documentava assim: “Trinta capitulares manifestaram-se a favor da moção, onze contra e um se absteve” .
A reflexão foi levada aos setores, fez-se consulta a todos os membros, na qual uma ampla maioria se manifestou a favor da divisão, embora houvesse opiniões divergentes quanto à modalidade: uns queriam, simplesmente, duas províncias, outros, duas províncias e uma região, outros ainda falavam de regiões ou vicariatos equiparados ou não, à província .

Criação das Regiões

A) A criação da Região do Maranhão (MAR)

O debate prosseguiu e constou na pauta do X capítulo Provincial, 8 a 12 de outubro de 1990. No dia 12 foram votadas várias propostas. A idéia de modificação da estrutura da BM foi aprovada por unanimidade; a criação de uma nova província desmembrada da BM recebeu aprovação de quarenta e três votantes sobre quarenta e nove; pelo mesmo número foi aprovada a constituição de uma comissão encarregada de elaborar o projeto da nova província, no prazo de dezoito meses; e por quarenta e cinco votos a favor, foi aprovada a criação da Região MAR .

B) A Região Brasileira Meridional (RBM)

Em 1993 realizou-se o XI Capítulo Provincial (extraordinário), cujo tema central foi a questão da nova província ou outra nova estrutura. O assunto havia sido estudado nos anos anteriores e foi amplamente debatido nas sessões capitulares, em que estiveram presentes o Superior geral, padre Virginio Bressanelli e o Conselheiro geral, padre Silvino Kunz. O Capítulo votou em primeiro lugar a proposta da criação imediata de nova província, que não recebeu a votação necessária. A seguir foram votadas várias outras moções e foram aprovadas estas quatro: 1. “que se crie nova Região”; 2. “que se crie duas novas Regiões”; 3. “que se crie uma Região que englobe os territórios de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e a grande Curitiba”; 4. “que se crie uma Região que englobe o território de Minas Gerais” .
O governo geral, por sua vez, aprovou as moções 1 e 3 e não aprovou as moções 2 e 4. A partir desse Capítulo extraordinário, o governo provincial encaminhou o processo de criação da RBM. Esta, de fato, veio a se concretizar na data de 12 de outubro de 1994 e instalada em 14 de março de 1995.
A experiência e a retomada do processo de divisão
Os sete anos de efetiva experiência da Região da RBM, indicaram a viabilidade da criação da nova província. Para concretizar este passo, os governos provincial e regional retomaram o processo de reflexão sobre o assunto na reunião conjunta dos conselhos da BM e RBM, em maio do ano 2000. Esse assunto foi apresentado em junho de 2000, na assembléia da BM, em Varginha, bem como na assembléia Regional da RBM, em julho de 2000.
Nas sessões dos conselhos regional e provincial, em 20 a 22 de novembro, foi aprovada por unanimidade a decisão de encaminhar ao superior geral e seu conselho o pedido de criação de uma nova província.
Enviado o pedido ao governo geral, que respondeu por meio de carta de padre Carlos Alberto da Costa Silva, com orientações, em 7 de abril de 2001. O governo geral, em cartas, apresentou os requisitos e condições para ereção de província e esclarecendo que não se tratava de desmembrar uma província de outra, mas, de criar duas novas províncias.
Após o encaminhamento de toda a documenta do XIII Capítulo Geral e as moções da criação das províncias ao governo geral e a aprovação deste, dia 2 de fevereiro de 2003, Festa da Apresentação do Senhor, a então Província Brasileira Meridional foi dividida em as Províncias: a Província Brasileira Meridional e a Província Brasileira Central.

O CENTENÁRIO


A idéia da primeira semente

No decorrer da história da província da antiga Província Brasileira Meridional (BM), em seus momentos mais importantes de sua vida, principalmente, quando se tratava de estudar e assumir novos projetos, bem como em eventos de inaugurações de novas obras e abertura de novas frentes a serviço da missão, esteve sempre bem presente a idéia da pequena semente lançada pelos padres alemães, vindos para o Sul do Brasil (1903), o que deu a origem à Missão Brasileira Meridional. Enquanto a BM se preparava para a nova realidade de duas novas províncias, estava nos horizontes dos religiosos, a idéia da celebração do centenário da província.
Para tanto, em março de 1999, numa reunião conjunta dos conselhos da BM e da RBM, em São Paulo, em vista do primeiro centenário de presença dehoniana no Sul do Brasil, foi constituída uma Comissão de Pesquisa Histórica para coordenar, elaborar uma série de proposta de subsídios para ajudar a província a viver esse primeiro centenário.

O Ano dehoniano

Enquanto a BM preparava a celebração do centenário, por uma feliz coincidência, foi publicada a carta do superior geral, padre Virginio D. Bressanelli, abrindo oficialmente o Ano dehoniano, de 14 de fevereiro de 2002 a 28 de junho de 2003. Este ano jubilar veio coincidir com a celebração do nosso primeiro centenário.
O Ano dehoniano, teve por finalidade dar graças a Deus pela vida do Padre Fundador, pelos dons que Deus lhe concedeu e pela fidelidade de sua reposta; ser um tempo de reavivamento espiritual dos membros da Congregação; oração por novas vocações e pela perseverança dos religiosos. O conteúdo dessa carta, tornou-se precioso subsídio para retiros e para as celebrações comunitárias e para o centenário.
Assim, em sintonia com o espírito do Ano dehoniano, a província celebrou o seu primeiro centenário em suas comunidades e paróquias, utilizando os vários subsídios que foram preparados e aprovados pelo governo provincial, e ao mesmo tempo foi dada liberdade para as comunidades organizarem suas celebrações mais concretas e com eventos locais.
Como a nossa história da província teve seu início com a vinda dos padres missionários da Província Alemã e para vincular essa efeméride do nosso primeiro centenário com a Província Mãe, foi pedida e prontamente doada por ela uma imagem peregrina do Bom Pastor.
Foi escolhida esta imagem do Bom Pastor para caracterizar o trabalho pastoral que a nossa província vem fazendo até hoje: O empenho pela formação de religiosos e padres pastores, trabalhos em paróquias, missões, apostolado social, educação, comunicação... Uma segunda razão para a escolha dessa imagem, está ligada à pessoa do próprio Padre Dehon, que ao refletir sobre a figura do Bom Pastor no Evangelho de São João (10,14), concluiu que “esta é uma das páginas do Evangelho que melhor nos revela o Sagrado Coração” . Realmente é isto que a imagem nos quer mostrar. O bom Pastor se apresenta como porta. Nele, as ovelhas encontram abrigo e vida.
Para compreender a origem e sentido dessa imagem, passamos para a seguinte descrição.
Esta imagem do Bom Pastor, talhada em madeira de pinho branco pelo padre Herman Falke, sacerdote dehoniano holandês, que trabalha em Otawa, Canadá, retrata um pastor da região fronteiriça entre a Alemanha e a Holanda, terra natal dos primeiros padres alemães, Gabriel Lux e José Foxius, que vieram ao Brasil, em 1903, para estabelecer aqui a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus.
A obra representa um pastor simples, humilde e bondoso, que ao encontro das ovelhas e as acolhe em seu redil. Está diante da porta do abrigo; com a mão direita, mantém a porta aberta e na esquerda traz uma ovelhinha recém-nascida. O telhado do abrigo é de palha, como era costume na Holanda, pátria do padre Falke, e na vizinha região do Ems onde fica Handrup, à época em que os padres alemães vieram ao Brasil.
Esta imagem foi doada pela Província Alemã dos Padres do SCJ à Província Brasileira Meridional para celebrar o centenário da vinda dos primeiros padres alemães SCJ ao Sul do Brasil.
Foi benta por João Paulo II, em 29 de maio de 2002. No dia 10 de junho, foi recebida no provincialado, em São Paulo.
Com esta imagem peregrina queremos expressar a nossa gratidão aos missionários alemães que vieram ao Brasil. Gratidão à Província Alemã por todo o apoio que nos deu, ao longo dos cem anos. Gratidão pela doação da imagem-símbolo, que quer ligar a origem dos fundadores da província com nossa missão de cem anos depois. Que sejamos, como os pioneiros quiseram ser, pessoas de coração aberto e solidário, à semelhança de Jesus, o Bom Pastor.
Assim, esta imagem do Bom Pastor iniciou a peregrinação por Florianópolis no dia 13 de julho de 2002, mais exatamente, na igreja de São Francisco, primeiro lugar trabalho de nossos pioneiros, passando para Brusque, de onde se irradiou a Congregação SCJ, pelo Sul e centro Sul do Brasil.
A partir dessa data, a imagem percorreu todas as comunidades e paróquias da RBM (esteve exposta durante o XIII Capítulo Provincial, em Jaraguá do Sul, de 22 a 26 de julho) e foi recebida, em São Paulo, pelos Leigos Dehonianos, reunidos em assembléia, nos dias 21 e 22 de setembro. Seguiu para o Norte do Paraná, a partir do Setor 7, de 27 de setembro de 2002 até às instalações das duas províncias, a imagem peregrina do Bom Pastor percorreu todas outras as paróquias e comunidades dehonianas dos outros Estados do Brasil. Além desses gestos celebrativos, foram realizados programas na Televisão alusivos ao evento centenário. Foram realizadas sessões solenes nas câmaras legislativas de deputados e vereadores em algumas cidades do país, com destaque de algumas figuras dehonianas. Ainda no contexto do centenários, foram publicados alguns livros, como Dehonianos no Sul do Brasil – 100 anos de presença e missão, 1903-2003 (de autoria de padre José Francisco Schmitt), Cem Anos da Presença dos Dehonianos em Brusque (padre Roque José Schmitt), Leão Dehon – Pioneiro Social (autoria de padre Gervário Palermo, tradução de padre Raulino Busarello, como contribuição para o centenário), reorganização do Arquivo Provincial Padre Lux (APPAL), Brusque, SC, pelo padre Dorvalino Eloy Koch, criação do Museu Paroquial Padre Remaclo Foxius em Formiga, MG, e por fim, leigos de paróquias dehonianas (Brusque e São Bento do Sul) publicaram obras alusivas ao evento do centenário da Província BM.

O ponto alto do Centenário, a instalação das províncias BM e BC

A) Ação de graças pela criação das províncias em São Paulo

Desde o início da idéia da celebração do Ano dehoniano (125º da aniversário da fundação da Congregação) e o Centenário da vinda dos primeiros padres do Sagrado Coração de Jesus ao Brasil era de fazer coincidir a criação das novas províncias. Para celebrar o importante evento histórico da criação das novas províncias Brasileira Central e Brasileira Meridional, na respectiva data de ereção canônica, dia 2 de fevereiro de 2003, o governo provincial antecipou a celebração de ações de graças, e com orações, este evento para o dia 31 de janeiro, no Santuário de São Judas Tadeu em São Paulo. Cerca de cinqüenta confrades estiveram presentes, nesse ato celebrativo. Antes da santa Missa, foi lida a carta do superior geral, padre Virginio Bressanelli, dirigida aos superiores padres Cláudio Weber e Osnildo Klann das duas novas províncias e aos seus membros. Para a memória histórica, eis o texto do superior geral, P. Virginio D. Bressanelli, scj:
“Estimados confrades: Em nome de todo o Governo Geral da Congregação quero expressar nossa alegria e os votos de vida interminável e de fecundidade no serviço do Reino, às duas novas províncias BM e BC e a todos os seus religiosos.
Hoje vocês atingem a meta que iluminou a caminhada de toda a antiga BM por cerca de 13 anos. Não foi somente um caminho de busca e de empenho em definir estas novas realidades, mas também um caminho de renovação espiritual, comunitária e apostólica de vocês, como pessoas e como unidade congregacional. Desta forma, graças a Deus, o fruto não se limita à nova organização administrativa, mas que se manifesta numa recuperada identidade carismática e apostólica de nossa presença dehoniana no Sul do Brasil. Nestes anos, vocês cresceram na compreensão da dehonianidade e em significação na Igreja e na realidade geográfica, social e cultural em que vivem e dão testemunho do amor do Coração de Jesus para com todos, especialmente os excluídos e marginalizados por qualquer motivo.
Esta é uma forma privilegiada de celebrar os 100 anos de presença SCJ num lugar concreto. Por isso rendemos graças ao Senhor, junto com vocês, e pedimos que Ele continue os abençoando para que cresçam sempre mais em qualidade de vida religiosa dehoniana e em número, a fim de que o Reino do Coração de Jesus se enraíze nas pessoas e nas sociedades.
Desejamos também que prossigam aprofundando as formas de comunhão existentes entre vocês, sem distinção resultante da nova pertença (BM e BC). Sejam fiéis à colaboração na formação, na atenção às missões internas (MAR e MT) e à abertura aos serviços e missões internacionais.
Acolham com prazer a simpatia e a esperança que toda a Congregação deposita em vocês.
Queremos também agradecer aqueles que, nesta longa caminhada de 100 anos, contribuíram para que a BM fosse um lugar de vida e de crescimento da Congregação. Ao recordar os seus pioneiros, P. Gabriel Lux e P. José Foxius, queremos englobar todos os missionários alemães, um dos quais ainda vive. Queremos agradecer a Província Mãe, GE, pois soube colocar bons alicerces nesta obra, que ela pode considerar como a maior de suas filhas.
Queremos agradecer a todos os religiosos brasileiros deste amplo período, e o fazemos nomeando os que, a partir de hoje, são os superiores administradores da BC, P. Cláudio Weber, e da BM, P. Osnildo Klann, enquanto se aguarda a nomeação e a eleição dos respectivos superiores provinciais. Eles, junto com muitos outros religiosos da BM e da RBM, souberam incentivar esse caminho com sabedoria, discrição e coragem.
Permitam-nos desejar a todos vocês o melhor, enquanto consagramos as duas novas províncias ao Coração de Jesus pelo Coração de Maria. Que nunca lhes falte nem a graça nem a palavra oportuna e que os ajude a ser generosos e fiéis ao dom da vocação e missão que receberam. Nossa Senhora Aparecida, na humildade do Ecce Ancilla , forme em vocês as virtudes e sentimentos que caracterizaram P. Dehon para serem seus filhos fiéis e generosos em toda a parte.
Nossa bênção e saudação fraterna,
P. Virginio Bressanelli scj, Superior Geral
e seu Conselho”                   
Após a leitura dessa carta, foi lido o decreto do superior geral, criando as duas novas províncias BC e BM e a nomeação do Administrador Provincial “ad interim” da nova Província Brasileira Central.

B) Ação de graças pela criação das províncias em Santa Catarina

A ação de graças do ato histórico da criação da nova Província Brasileira Meridional foi celebrada solenemente na casa do Noviciado Nossa Senhora de Fátima, a 2 de fevereiro, em Rio Cerro, Jaraguá do Sul. Antes do início da santa Missa, padre Carlos Alberto da Costa Silva leu o decreto do superior geral, que criou as duas nova províncias BM e BC, nascidas da mesma Província-Mãe, a antiga BM, desejou-lhes êxito e alegria na missão, e manifestou sua satisfação pela conclusão de um processo que vinha acompanhando com grande interesse. Padre Osnildo Carlos Klann, nomeado Administrador Provincial, apresentou e inaugurou placa comemorativa afixada na entrada do Noviciado.
Para coincidir a inauguração oficial da criação das duas novas províncias com o encerramento do Ano Centenário, foi marcada a data da posse do primeiro governo da Província Brasileira Central, para 8 de agosto do ano em curso, Taubaté, SP. Na Província Brasileira Meridional, foi no dia 12 de agosto, em Brusque, SC, berço da Congregação no Sul do Brasil. Data também muito significativa, pois é aniversário de morte de Padre Dehon.
No dia 16 de agosto, na Matriz São Sebastião, de Jaraguá do Sul, SC, foi ordenado bispo o padre Wilson Tadeu Jönck. Foi mais uma acontecimento histórico-religioso que nos deu um realce ainda maior a todas celebrações da instalação da Província e o encerramento do ano centenário.
No dia seguinte, houve-se por bem também fazer uma celebração festiva popular para marcar o encerramento desse ano centenário no seminário de Corupá, SC, a 17 de agosto.
Em todos os eventos dos atos de instalações das novas províncias e o encerramento do ano do centenário fomos honrados com ilustres visitas do exterior. Como registro histórico, estiveram presentes o superior geral, padre José Ornelas Carvalho, o superior provincial da Alemanha, padre August Hülsmann e os padres da Argentina e do Chile e a presença de quase todos os bispos dehonianos.

CONCLUSÃO

A comemoração do centenário da Província Brasileira Meridional, mediante pesquisas, celebrações junto às casas religiosas e com o povo de nossas paróquias, nos mostrou, muito claramente, que tudo o que aconteceu e foi realizado durante estes 100 anos, começou sob o signo da Missão, sempre alimentada de uma esperança realista, daqueles que não mediram sacrifícios através do espírito de pobreza, de sofrimentos e incompreensões, e até às expulsões, cujas convicções pela causa do Reino, prevalecendo sobre os grandes desafios que tiveram que enfrentar. Tudo o que temos hoje, teve sua origem no ardor missionário e na doação.
Olhando para esta história de cem anos de vida dehoniana que acabamos de celebrar, sem nos prender ao passado, portador de distinta conjuntura (diversidade de desafios e perspectivas de sua época), hoje, somos chamados para refletir sobre a experiência que eles nos deixaram. Com certeza, esta celebração do centenário foi uma oportunidade de muitas graças, para rever e continuar qualificando a nossa vida religioso-apostólica dehoniana, nos planos, pessoal, comunitário e provincial ou regional. Somos, hoje, chamados a prosseguir definindo a nossa fisionomia de províncias, através das opções apostólicas mais específicas, atuais e significativas para a vida dehoniana do terceiro milênio.
Agora, sob o signo do novo, a partir de 2 de fevereiro de 2003, somos chamados para estar abertos para o futuro. Isto nos urge a pensar sobre o novo. Este novo, este futuro deve ser projetado a partir da dehonianidade e da consciência do “Nós Congregação, a serviço da Missão”. Pois foi através dessa paixão pela Missão que nasceram as obras importantes da Congregação e a nossa província alcançou a graça de poder celebrar o seu primeiro centenário. E mais! A história de uma província está sempre ligada com a vida e o projeto de toda a Congregação, que vem sempre animada pela Missão. O futuro de nossas duas províncias, necessariamente deverá passar pela fidelidade dinâmica do carisma do Fundador e em plena comunhão congregacional.
Com este olhar para o futuro, somos, hoje, chamados a compreender o nosso carisma de maneira mais viva e lúcida, para estarmos abertos aos grandes eventos da Igreja e do mundo. Sobre estes tão elevados propósitos do nosso porvir, invocamos, aqui as animadoras palavras de João Paulo II:
“Vós não tendes apenas uma história gloriosa para recordar e narrar, mas uma grande história a construir! Olhai o futuro, para o qual vos projeta o Espírito a fim de realizar convosco ainda grandes coisas” .
Por fim, ao terminarmos esta matéria, na qual recordamos a memória dos nossos pioneiros e a trajetória que a Província fez mediante sucessivos marcos e acontecimentos especiais, e por tantos dons que recebemos de Deus Pai através de seu Filho, feito homem, que se apresentou como MANSO E HUMILDE DE CORAÇÃO, como encerramento do nosso primeiro centenário dehoniano, podemos concluir com a ORAÇÃO DO CENTENÁRIO:

Bendito sejais, Pai de Bondade,
Fonte de todo bem e graça!
Celebrando 100 anos de história
e serviço ao povo que nos confiastes,
elevamos a vós esta prece de louvor e gratidão.
Reconhecemos o amor que tendes para conosco,
Visível em tantos sinais:
no carisma concedido a Padre Dehon,
na disponibilidade de nossos primeiros missionários,
nos frutos de nosso apostolado,
na dedicação de nossos religiosos,
no dom de muitas vocações,
na partilha do carisma com leigos e leigas,
na vitalidade de nossas Províncias.
Tocados por vossa misericórdia,
Queremos superar nossas limitações
para crescer em santidade, justiça e comunhão.
Renovai em nós as disposições do coração de vosso Filho
e abençoai toda a Família Dehoniana.
Dóceis à ação de vosso Espírito,
Possamos responder aos apelos de nossa missão
por uma renovada adesão ao Evangelho.
A vós seja a glória e o louvor,
por Cristo, nosso Senhor,
na unidade do Espírito Santo.
Amém.

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P. José Francisco Schmitt scj (Província BC), nasceu em 1942, professou em 2.02.1966, foi ordenado sacerdote em 1971. Trabalhou em paróquias, especializou-se em Teologia Pastoral, foi Professor de Pastoral em Taubaté, Reitor-Superior da Comunidade de Taubaté, publicou vários livros de pesquisa histórica, foi conselheiro e vice-provincial na Província BM, atualmente trabalha como formador no Postulantado das Províncias BM e BC em Jaraguá do Sul. - jfschmittscj@hotmail.com
Circular SCJ - Província Brasileira Meridional (Circular SCJ), 186, p. 169.
Cf. Circular SCJ , 86, p. 208.
Cf. Circular SCJ , 195, pp. 301-302.
Circular SCJ, 215, p. 265.
Dehon, Oeuvres Spirituelles 3, p. 472.
Prot. N. 412003, Roma 2.2.2003; in: Circular SCJ, 1 (maio de 2003), pp. 16-17.
Exortação Apostólica pós-sinodal Vita Consecrata, nº 110.





Padre Dehon em Brusque

Padre Gabriel Lux

Padre José Foxius














Padre  Jean León Gustave Dehon SCJ


O que mudou de 2003 até 2013?
As províncias  mudaram de sigla e algumas de nome. Assim sendo, temos no Brasil a BRM-Brasil Meridional, a BSP-Brasil São Paulo e a BRE-Brasil Recife, mais os distritos BSL-Brasil São Luiz e BCU-Brasil Cuiabá.