http://pt.wikipedia.org/wiki/Disco_de_vinil :
Disco de vinil
O
disco de vinil, conhecido simplesmente como vinil, ou ainda Long Play (LP) é
uma mídia desenvolvida no final da década de 1940 para a reprodução musical,
que usa um material plástico chamado vinil1 (normalmente feito de PVC),
usualmente de cor preta, que registra informações de áudio, que podem ser
reproduzidas através de um toca-discos.
O
disco de vinil possui microssulcos ou ranhuras em forma espiralada que conduzem
a agulha do toca-discos da borda externa até o centro no sentido horário.
Trata-se de uma gravação analógica, mecânica. Esses sulcos são microscópicos e
fazem a agulha vibrar. Essa vibração é transformada em sinal elétrico. Este
sinal elétrico é posteriormente amplificado e transformado em som audível
(música).2
O
vinil é um tipo de plástico muito delicado e qualquer arranhão pode tornar-se
uma falha, a comprometer a qualidade sonora. Os discos precisam constantemente
ser limpos e estar sempre livres de poeira, ser guardados sempre na posição
vertical e dentro de sua capa e envelope de proteção (conhecidas, vulgarmente,
como capa de dentro e de fora). A poeira é um dos piores inimigos do vinil,
pois funciona como um abrasivo, a danificar tanto o disco como a agulha.
História
O
disco de vinil surgiu no ano de 1948, tornando obsoletos os antigos discos de
goma-laca de 78 rotações - RPM (rotações por minuto) -, que até então eram
utilizados. Os discos de vinil são mais leves, maleáveis e resistentes a
choques, quedas e manuseio (que deve ser feito sempre pelas bordas). Mas são
melhores, principalmente, pela reprodução de um número maior de músicas -
diferentemente dos discos antigos de 78 RPM - (ao invés de uma canção por face
do disco), e, finalmente, pela sua excelência na qualidade sonora, além, é
lógico, do atrativo de arte nas capas de fora.
A
partir do final da década de 1980 e início da década de 1990, a invenção dos
compact discs (CD) prometeu maior capacidade, durabilidade e clareza sonora,
sem chiados, fazendo os discos de vinil ficarem obsoletos e desaparecerem quase
por completo no fim do Século XX.3
No
Brasil
No
Brasil, o LP começou a perder espaço em 1992. Em 1993 foram vendidos no Brasil
21 milhões de CDs, 17 milhões de LPs e 7 milhões de fitas cassetes.
A
partir de 1995, as vendas do LP declinaram acentuadamente em função da
estabilização da moeda (consequência do Plano Real) e melhoria do poder
aquisitivo da população, que permitiu a população adquirir mídias musicais mais
modernas. Artistas que pertencem a grandes gravadoras, gravaram suas músicas em
LP até 1997, e aos poucos, o bom e velho vinil saía das prateleiras do varejo
fonográfico, mas retornou, timidamente, no final da primeira década do Século
XXI.
Apesar
disso, alguns audiófilos ainda preferem o vinil, por acreditarem ser um meio de
armazenamento bem mais fiel que o CD.
Processo de
fabricação
A gravação e produção do disco de vinil segue um processo
mecânico complicado, do tipo analógico, que se completa em sete etapas. Apesar
da complexidade, a produção de um disco não dura mais de meia hora no total.4 5
6
Depois de a música ser gravada, misturada e masterizada em
estúdio, em fita magnética ou, na actualidade, em algum suporte digital, esta
gravação é remasterizada para adaptar ao meio em que vai ser gravada, o que é
especialmente importante nos discos de vinil devido à sua resposta na
frequência, à interferência entre canais (estéreo, por exemplo) provocado pelo
processo mecânico de corte e posteriormente pela leitura por agulha, e pela
dependência do tempo total disponível no disco relativamente ao volume da
gravação, sendo este um processo decisivo no resultado final. 4
O processo de remasterização pode implicar (dependendo da
técnica e equipamento usado) a eliminação de certas frequências, um trabalho
aturado sobre a diferença de fase de audio (entre canais), assim como a
normalização do nivel de volume (nível sonoro do sinal), que pode passar por
compressão, determinação da intensidade relativa dos instrumentos entre os
canais, e determinação da largura e profundidade do sulco em função da duração
total da obra a gravar no disco, uma vez que quanto maior o volume da gravação
mais largura ocupará o sulco e portanto menor será a duração máxima possível do
que se poderá gravar no disco em causa. 4
Nesta fase, conhecida como "cortar a matriz"
(também se pode cortar um dubplate se o objectivo final não é prensar outros
discos) transfere-se o conteúdo da fita dita master para a matriz de acetato
também conhecida como lacquer master. É um disco geralmente feito de alumínio
polido recoberto com um banho depositado por gravidade de laca nitrocelulosica
(acetato de nitrocelulose) negra, ou (dependendo do fabricante) com tons azul
ou avermelhados, e com uma espessura entre 0,6 e 1 mm. O equipamento usado para
o corte da matriz de acetato é conhecido como "torno vertical de gravação
fonográfica", o qual contém uma cabça de corte que grava (corta e modula o
corte) o sulco, transferindo a música contida na fita master para o matriz de
acetato, passando entretanto por um processador que lhe aplica uma equalização
especial chamada curva RIAA para gravação, o qual adapta o sinal registado às
características físicas de um disco de vinil. As entradas "phono" de
um amplificador ou mesa de mistura diferenciam-se de qualquer outra entrada do
mesmo equipamento (para CD, por exemplo) por incorporarem uma equalização
inversora da curva RIAA de gravação, e chamada curva RIAA de reprodução. A necessidade
deste processo de equalização deve-se às caracteristicas mecânicas do processo
de gravação e reprodução, e às suas inerentes limitações e características. 4 5
Uma vez gravada a matriz de acetato ou master, esta é lavada
com detergentes e coberta com cloreto de estanho, o qual permite a aderência de
uma delgada capa de prata que é então aplicada. 4 5
O disco já prateado é submerso numa solução de níquel, que
adere ao disco e o cobre por completo, por processo galvânicos (aplicação de
uma corrente elétrica). Este disco, assim preparado, é então retirado e
novamente lavado. A este processo chama-se banho galvânico ou galvanoplastia. 5
A capa de prata e níquel é então retirada da matriz de
acetato, obtendo-se portanto uma cópia negativa da mesmo, chamada simplesmente
matriz, "macho" ou disco pai. 5 6
Do disco matriz, é obtida uma cópia positiva, chamada disco
mãe. Se este disco contém a informação correta o processo é repetido até se
obterem mais oito discos "mãe". De cada uma das 8 cópias do
"disco mãe" fazem-se duas cópias negativas, chamadas discos
estampadores ou "carimbos". Este processo é repetido com o outro
disco pai que representa o outro lado do disco final. 5 6
A partir do "disco estampador" (ou
"carimbo") tiram-se as cópias positivas finais ou copias comerciais,
por simples prensagem de uma pastilha quente de cloreto de polivinilo ou mais
modernamente de poliester, chamado o "donut", entre os dois carimbos,
moldes estampadores ou matrizes correspondentes às duas faces do disco. Finalmente
adiciona-se, por simples colagem, a etiqueta em cada face do disco,
identificando o seu conteúdo. Esta cópia final é a que é vendida ao público.
Actualmente as tiragens de discos de vinil com cada matriz de acetato não
ultrapassam em geral a centena de unidades, quando na sua época se atingiam
tiragens de muitos milhares. 6
Existe ainda uma técnica denominada "direct metal
mastering" (masterização directa em metal) ou DMM na qual a música é
transferida directamente para um disco metálico relativamente pouco duro, em
geral de cobre. Por este processo, apenas é necessário seguir o processo
galvânico para obter os estampadores, diminuindo os custos de produção. Também
existem discos em que o processo de corte é efectuado a uma velocidade mais
baixa que a de reprodução, normalmente metade ou um quarto, sendo o disco
resultante de qualidade notavelmente melhor em toda a banda de frequências
audível pelo ouvido humano. Este mesmo processo permitiu também gravar vídeo em
discos de vinil, ou audio multicanal, como foi o caso dos formatos cd4, SQ, QS
(ou outros sistemas de 4 canais). 4 6
Durante o seu apogeu, os discos de vinil foram produzidos
sob diferentes formatos:
LP: abreviatura do inglês Long Play (conhecido na indústria
como, Twelve inches--- ou, "12 polegadas" (em português) ). Disco com
31 cm de diâmetro que era tocado a 33 1/3 rotações por minuto. A sua capacidade
normal era de cerca de 20 minutos por lado. O formato LP era utilizado,
usualmente, para a comercialização de álbuns completos. Nota-se a diferença
entre as primeiras gerações dos LP que foram gravadas a 78 RPM (rotações por
minuto).
EP: abreviatura do inglês Extended Play. Disco com 25 cm de
diâmetro (10 polegadas), que era tocado, normalmente, a 45 RPM. A sua
capacidade normal era de cerca de 8 minutos por lado. O EP normalmente continha
em torno de quatro faixas.
Single ou compacto simples: abreviatura do inglês Single
Play (também conhecido como, seven inches---ou, "7 polegadas" (em
português) ); ou como compacto simples. Disco com 17 cm de diâmetro, tocado
usualmente a 45 RPM (no Brasil, a 33 1/3 RPM). A sua capacidade normal rondava
os 4 minutos por lado. O single era geralmente empregado para a difusão das
músicas de trabalho de um álbum completo a ser posteriormente lançado .
Máxi: abreviatura do inglês Maxi Single. Disco com 31 cm de
diâmetro e que era tocado a 45 RPM. A sua capacidade era de cerca de 12 minutos
por lado.
Analógico versus
Digital
Os discos de goma-laca de 78 rotações, foram substituídos
pelo LP. Depois o CD tomou o lugar de destaque do LP, pois teve ampla aceitação
devido sua praticidade, seu tamanho reduzido e som, aparentemente, livre de
ruídos. A propaganda do CD previa o fim inevitável do LP, que é de manuseio
difícil e delicado. Na verdade, décadas após a criação dos CD os discos de
vinil ainda não foram totalmente aposentados.
Entusiastas defendem a superioridade do vinil em relação às
mídias digitais em geral (CD, DVD e outros). O principal argumento utilizado é
o de que as gravações em meio digital cortam as frequências sonoras mais altas
e baixas, eliminando harmônicos, ecos, batidas graves, "naturalidade"
e espacialidade do som. Estas justificativas não são tecnicamente infundadas,
visto que a faixa dinâmica e resposta do CD não supera em todos os quesitos as
do vinil. Especialmente quanto se trata de nuances que nos sistemas digitais
são simulados através de técnicas de dithering.
Os defensores do som digital argumentam que a eliminação do
ruído (o grande problema do vinil) foi um grande avanço na fidelidade das
gravações. Os problemas mais graves encontrados com o CD no início também foram
aos poucos sendo contornados. Os sucessores do CD, o DVD-Audio e o SACD,
oferecem largura de banda e amostragens superiores ao CD, apesar de sua baixa
penetração no mercado, devido à proliferação do mp3, um formato digital
independente de mídia, mas com notáveis perdas de qualidade de som devido aos
algoritmos de compactação de dados.2
Ainda existe o forte aspecto lúdico que os discos de vinil
proporcionam segundo os seus defensores, já que a embalagem comercial do LP
proporciona um espaço muito maior de exposição em relação ao CD por exemplo;
onde costuma-se inserir artes e posters em tamanho muito superior, e de fato
vários vinis lançados ao longo dos seus anos dourados (e atualmente também)
possuem em suas embalagens verdadeiras obras de arte, muito apreciadas por
entusiastas que as manuseiam durante a audição dos discos. Este ritual próprio
de desembalar, manusear cuidadosamente o disco, apreciar a arte dos grandes
encartes, virar manualmente os lados quando estes acabam é muito apreciado
pelos defensores desta mídia analógica, representando uma melhor apreciação do
som e do produto mercadológico oferecido pelo artista.
Outro problema apresentado é quanto à duração, porque ao
longo dos anos a mídia digital apaga-se, coisa que não acontece com o LP.
Por estes motivos até hoje se fabrica LP e toca-discos em
escalas consideráveis, bem como intensa procura e troca de novos e usados, que
são objetos de relíquia e estima para audiófilos e entusiastas de música em
geral.
Referências
↑ The
Fabulous Phonograph. Roland Gelatt. Cassell & Company. 1954. ISBN
0-304-29904-9
↑ a b MP3: Música, Comunicação e Cultura. Clóvis Ricardo
Montenegro de Lima; Rose Marie Santini de Oliveira. Editora E-papers. ISBN
9788576500551
↑ Ascensão e queda dos formatos musicais
↑ a b c d e f Sobre o corte do "Acetato Master"
↑ a b c d e f Sobre o fabrico da matriz para discos de Vinil
↑ a b c d e Sobre a estampagem de discos de vinil
↑ Única fábrica de vinil da América Latina volta a
funcionar. Portal Rock Press.
78 RPM
Long Play
Toca-discos Philips 557
Igual o que a minha oma tinha, que herdei, mas que não sobreviveu à enchente de 2011 em Blumenau...
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